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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Victor Hugo

" A vida é um campo de urtiga onde a única rosa é o amor"

De Graciliano para Getúlio

Disponível em:  http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/images/brasil.gif
Em carta nunca enviada a presidente, escritor comenta os 11 meses que passou em prisão.

O documento, datado de agosto de 1938, não chegou a ser enviado, mas faz parte de pesquisa em andamento na Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo.
Na carta, Graciliano não usa palavras duras, mas trata com bastante ironia o episódio de sua prisão e o fato de o presidente ser seu "colega de profissão" -na época, a editora José Olympio lançava um livro com discursos de Vargas e tiragem de 50 mil exemplares...

Leia o texto na íntegra em:
http://www1.folha.uol.com.br/fs


A COLONIZAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO JESUÍTICO



1. OS PRIMEIROS TEMPOS DO BRASIL

Você está lembrado do contexto, ou seja, como estava a política, a economia e a cultura no final do século XV e início do século XVI? Existiam interesses comerciais de todas as nações da Europa no período em que os portugueses chegaram às terras brasileiras. Trata-se do processo de construção do capitalismo, que nesta época ainda estava começando! Isso será muito importante para o Brasil, veja por que:
1) No período colonial o Brasil exerceu o papel de fornecedor de gêneros úteis ao comércio de Portugal; depois da independência transformou-se em exportador de matérias-primas e importador de produtos manufaturados. Isso nos mostra que desde o princípio fomos um país inserido no capitalismo internacional, porém, com uma função secundária. Vimos que o interesse dos portugueses era obter algum lucro com as terras descobertas. Neste ponto a exploração do pau-brasil e a exploração da mão-de-obra indígena se encontraram.
2) Além da violência econômica também tivemos
um processo de mestiçagem violenta.

2. POVO BRASILEIRO: A MATRIZ TUPI

Segundo o antropólogo Darcy Ribeiro os primeiros brasileiros nasceram frutos de um processo de exploração dos portugueses sobre os índios. Preste atenção à maneira como ele descreve esse processo:
No Brasil a mestiçagem sempre se fez com muita alegria, e se fez desde o primeiro dia... Eu prometi contar como. Imagine a seguinte situação: uns mil índios colocados na praia e chamando outros: “venham ver, venham ver, tem um trem nunca visto”... E achavam que viam barcas de Deus, aqueles navios enormes com as velas enfurnadas... “O que é aquilo que vem?” Eles olhavam, encantados com aqueles barcos de Deus, do Deus Maíra chegando pelo mar grosso. Quando chegaram mais perto, se horrorizaram. Deus mandou pra cá seus demônios, só pode ser. Que gente! Que coisa feia! Porque nunca tinham visto gente barbada – os portugueses todos
barbados, todos feridentos de escorbuto, fétidos, meses sem banho no mar... Mas os portugueses e outros europeus feiosos assim traziam uma coisa encantadora: traziam faquinhas, facões, machados, espelhos, miçangas, mas sobretudo ferramentas. Para o índio passou a ser ndispensável ter uma ferramenta. Se uma tribo tinha uma ferramenta, a tribo do lado fazia uma guerra pra tomá-la.      Ribeiro, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Cia das Letras, 2002, p.56

Segundo esse autor, ao longo da costa brasileira, se defrontaram duas visões de mundo completamente opostas: a selvageria e a civilização. Concepções diferentes de mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram cruamente. Aos olhos dos europeus os indígenas pareciam belos seres inocentes, que não tinham noção do “pecado”. Mas com um grande defeito: eram “vadios”, não produziam nada que pudesse ter valor comercial. Serviam apenas para serem vendidos como
escravos. Com a descoberta de que as matas estavam cheias de pau-brasil, o interesse mudou... Era preciso mão-de-obra para retirar a madeira. Dessa forma, a porta de entrada do branco na cultura indígena foi o “cunhadismo”. Através desse costume foi possível a formação do povo brasileiro. E da união das índias com os europeus nasceu uma gente mestiça que efetivamente ocupou o Brasil. Onde tinha algum europeu instalado na costa em contato com as naus, e, portanto, capaz de fornecer mercadoria, cada aldeia, e eram milhares de aldeias, levava uma moça pra casar com ele.
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 “Se ele transasse com a moça, então ele se tornava cunhado. Ele passou a ter sogro, sogra, genros... ele passou a ser parente. Então o sabido do português, do europeu, conseguia desse modo pôr milhares de índios a serviço dele, pra derrubar pau-brasil...” Ribeiro, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Cia das Letras, 2002, p.57

Um dos primeiros núcleos povoadores surgiu em São Paulo, chefiado pelo português João Ramalho. Há quem afirme que ele tenha chegado ao planalto paulista antes mesmo da chegada de Cabral. Os poucos registros da época supõem que ele teve mais de trinta mulheres índias e quase oitenta filhos mestiços. Um escândalo comentado numa carta do padre Manoel da Nóbrega de 1553.

“É principal estorvo para com a gentilidade que temos, por ser ele muito conhecido e aparentado com os índios. Tem muitas mulheres. Ele e seus filhos andam com irmãs e têm filhos delas... suas festas são de índios e assim vivem andando nus como os mesmos índios...“

Trecho da carta de Manoel da Nóbrega



A COLONIZAÇÃO BRASILEIRA E O ENSINO JESUÍTICO

1. COLONIZAÇÃO BRASILEIRA E ENSINO JESUÍTICO

Para a obra de pacificação e catequese os padres jesuítas aprendem a língua tupi-guarani e elaboram os novos textos a serem trabalhados com os indígenas. No início da  colonização brasileira, era tão comum falar em tupi – que esse idioma ficou conhecido como “língua geral”. Mesmo nas missas era usada à língua dos índios. O uso das duas línguas – tupi e português – permanece até que as autoridades portuguesas exigem o uso exclusivo do português, temerosas de que a língua indígena predominasse sobre a do colonizador.
Como era mais difícil agir (e) sobre os adultos, os padres preferem conquistar os filhos dos índios. Inicialmente, junto com os filhos dos colonos, os curumins aprendem a ler e a escrever. O Padre Anchieta inventa muitas coisas para ensinar as crianças: teatro, música, poesia, diálogos em verso. Os indiozinhos representam e dançam com gosto e, aos poucos, vão(s) aprendendo os “bons costumes” e a religião cristã.
Claro que existem os choques entre os valores da cultura nativa e os valores que o colonizador quer implantar. Nas cartas que mandam para a Europa os primeiros missionários se referem as “cantigas lascivas” entoadas pelos índios, logo substituídas por cantos à Nossa Senhora e cantos devotos. Os padres ridicularizam a figura dos feiticeiros das tribos. Impõem a forma cristã de casamento, condenando a poligamia, e abolem o sistema comunal primitivo, dividindo as terras indígenas
em lotes particulares e distribuindo individualmente os excedentes de produção.

2. As escolas para os filhos dos colonos
Enquanto a ação sobre os índios se resumiu à cristianização e à pacificação, tornando-os dóceis para o trabalho, com os filhos dos colonos, porém, a ação tende a ser mais efetiva, exercendo-se além da escola elementar de ler e escrever.
A Companhia de Jesus organiza aqui, desde o século XVI, a estrutura dos três cursos - letras humanas, filosofia e ciência (ou artes) e teologia e ciências sagradas - destinados à formação do humanista, do filósofo e do teólogo.
Concluindo o curso de artes, o jovem pode seguir o curso de teologia, opção que ajuda a manter viva a ação dos jesuítas através dos tempos, formando inúmeros padres e mestres que dão continuidade à sua obra; ou Apesar da coragem, do empenho, e até da boa-fé dos jesuítas, hoje, à luz dos estudos de antropologia, é preciso admitir-se que se iniciou aí a desintegração da
cultura indígena.
Os missionários jesuítas penetram o interior das matas e fundam aldeamentos indígenas chamados de Missões Jesuíticas. Nessas missões, desenvolve-se uma intensa atividade agrícola separada de todo o resto e administrada com rigor pelos jesuítas. Vem daí uma das fontes de renda da companhia.
Segundo Aranha “a segregação dos indígenas nas missões, esse “ambiente de estufa”; de certa forma fragiliza ainda mais os índios: os colonos conseguem, às vezes, capturar aí tribos inteiras. Durante o século XVII os bandeirantes realizam diversas expedições de apresamento e destroem várias povoações, inclusive as dirigidas por jesuítas espanhóis. Isto sem falar na violência
que significa a brusca passagem de um sistema de nomadismo para a sedentariedade. Por isso é injusto considerar o índio “preguiçoso”, sem levar em conta que, na cultura indígena, tanta o objetivo como o ritmo do trabalho são totalmente diferentes dos padrões europeus”.
Fonte: Aranha, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna,

José de Anchieta
Apesar da coragem, do empenho, e até da boa-fé dos jesuítas, hoje, à luz dos estudos de antropologia, é preciso admitir-se que se iniciou aí a desintegração da cultura indígena. Os missionários jesuítas penetram o interior das matas e fundam aldeamentos indígenas chamados de
Missões Jesuíticas. Nessas missões, desenvolve-se uma intensa atividade agrícola separada de todo o resto e administrada com rigor pelos jesuítas. Vem daí uma das fontes de renda da Companhia.
Segundo Aranha
“a segregação dos indígenas nas missões, esse “ambiente de estufa”; de certa forma fragiliza ainda mais os índios: os colonos conseguem, às vezes, capturar aí tribos inteiras. Durante o século XVII os bandeirantes realizam diversas expedições de apresamento e destroem várias povoações, inclusive as dirigidas por jesuítas espanhóis. Isto sem falar na violência que significa a brusca passagem de um sistema de nomadismo para a sedentariedade. Por isso é injusto considerar o índio “preguiçoso”, sem levar em conta que, na cultura indígena, tanta o objetivo como o ritmo do trabalho são totalmente diferentes dos padrões europeus”.

Fonte: Aranha, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna,