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domingo, 2 de outubro de 2011


Dia Mundial do Idoso: direito ao respeito


Por: Selma Pupim


João Paulo II costumava perguntar: “O que é a velhice? E respondia: A velhice é o tempo favorável para se cultivar, ainda e muito, a sabedoria do coração.”


Idosos, sim! Velhos, não! É nesse contexto que o mundo comemora hoje, 01 de outubro, o Dia Internacional do Idoso. Em todo país, uma infinidade de atividades e ações educativas consolida esta data tão importante para essa população cheia de esperança e que celebra cada conquista.


Sem dúvida, quem já viveu décadas e exala experiência e sabedoria, merece viver no seio de sua família com total assistência, amparo e sem discriminação de qualquer natureza.


Os Conselhos Municipais do Idoso integra uma série de atividades com foco na sensibilização contra a violência, maus tratos, abandono ao idoso e pela garantia de seus direitos. Muitas conquistas tem marcado essa árdua luta e, muito mais do que viver mais, o objetivo maior centra-se na qualidade de vida dessa faixa etária.


É sabido que os idosos estão envelhecendo mais e as suas necessidades também são acrescidas. E, se neste cenário, não existirem políticas públicas realmente eficientes, eles ficarão totalmente desassistidos. As pesquisas apontam que em 2025 o país abrigará mais de 32 milhões de idosos. Assim, é preciso estruturar os serviços de saúde, lazer, educação, assistência social, de transporte, mobilidade, dentre outras.


Desse modo, a expectativa de vida cresce de forma acelerada e no atual cenário, faz-se necessário implementar ações para dar suporte a essa nova geração e assegurar a proteção social, a assistência a longo prazo e o acesso à saúde pública representando mais oportunidade e, sobretudo, respeito a esse eterno aprendiz.


Parabéns a todos os IDOSOS!


O Gênero Parábola

As Parábolas de Jesus

O termo parábola origina-se do grego parabolé, cujo sentido é comparar e servir como ilustração de uma verdade. A palavra é definida, por estudiosos, como narrativa breve de sentido alegórico e moral e sua doutrina é universalmente conhecida.

Segundo o professor Marco Antônio Domingues Sant´Anna, em seu artigo, O discurso da parábola:

O vocábulo parábola é uma tradução portuguesa do original grego parabolé. Etimologicamente, a forma verbal de onde se originou o termo parabolé pertencia a um domínio bem diferente daquele em que se tem usado a forma atual. Paraballó significava “jogar forragem”, “dar forragem para alimentar cavalos” que, por sua vez, passou, posteriormente, a indicar o ato de se “jogar ao lado”, ou “em paralelo com”. Foi a partir da analogia com essas ações corriqueiras de se “colocar algo ao lado de alguém ou de alguma coisa”, que a retórica clássica designou para parabolé o significado de “comparação”, de “discurso alegórico”. (p. 3) [6]

As parábolas são histórias extraídas de um mundo existencial que retratam a vida diária e, por meio da qual, o criador transmite o propósito de um ensinamento para seus discípulos, seguidores e ouvintes. A parábola, ainda, se configura como uma narrativa amimética nas categorias de tempo, personagens e espaço.

Diante da amplitude de seus conhecimentos, Jesus era capaz de ministrar a todas as camadas sociais, pois falava a linguagem popular e atingia desde os mais simples e pouco letrados aos mais cultos e portadores de cultura privilegiada, uma vez que os temas de seus ensinamentos destinavam-se a toda classe de leitores interessados na compreensão dessa literatura simples e, ao mesmo tempo, complexa.

Embora as parábolas sejam histórias cotidianas, nem sempre são compreendidas; por vezes, sua essência permanece oculta até que nossos olhos se abram e possamos vê-la claramente.

Segundo, Joachim Jeremias, “As Parábolas constituem uma peça da rocha primitiva da tradição”. (p. 6) Ainda, assegura que, estamos diante de uma herança cultural fiel e em imediata proximidade de Jesus quando lemos as parábolas.

Para o renomado teólogo, Simon J. Kistemaker, “Jesus desenhava quadros verbais que retratavam o mundo ao seu redor. Ensinando através das parábolas, ele descrevia aquilo que acontecia na vida real provocando um impacto que precisava de tempo para ser entendido e assimilado”. (p. XV) [7]

Um outro fator que deve ser observado, diz respeito à fala de Jesus às multidões, que vinham em milhares até à praia; para se dirigir a tamanha quantidade de pessoas, Jesus valeu-se de um púlpito flutuante e sentando-se num barco um pouco afastado da margem, a superfície da água refletia sua voz, que num dia calmo chegava aos seus ouvintes.

Nessas narrativas, Jesus utilizou muitas metáforas, as quais nunca se afastaram da realidade; por meio da comparação os exemplos eram fundamentados em uma vivência para transmitir um episódio. Assim, essa forma de apresentar os fatos revela a sua estratégia no sentido de cativar e convencer os seus ouvintes.

A Parábola do Semeador

(Mateus 13: 1-9)

Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-se a beira-mar; e grandes multidões se reuniram perto dele, de modo que entrou num barco e se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia. E de muitas cousas lhes falou por parábolas, e dizia: Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol a queimou; e porque não tinha raiz, secou-se. Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim, caiu em boa terra, e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um. Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça.

ALMEIDA, João Ferreira. (Trad) A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Brasília – DF: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.


A explicação da parábola

Para o teólogo Simon J. Kistemaker, nem sempre é simples classificar uma parábola, pois algumas delas apresentam características que se enquadram em grupos distintos. O autor classifica a narrativa em estudo no grupo das Parábolas Autênticas, que utilizam como ilustração um fato comum.
Quanto à sua interpretação, alguns princípios básicos relacionados à história, à teologia dos textos bíblicos, à estrutura literária e gramatical contribuem para o intérprete encontrar os seus pontos fundamentais.Outro aspecto relevante são os modos e tempos verbais empregados pelo evangelista, pois são muito significativos e lançam luz sobre o principal ensinamento da história.

Assim, as palavras e termos constituem partes essenciais do processo de interpretação desses textos, assim como, as introduções e, especialmente, as conclusões, contêm as diretrizes que auxiliam para uma compreensão adequada.Assim sendo, qualquer pessoa apreende a verdade transmitida, uma vez que, no caso da parábola em questão, “todos já viram uma semente germinar”.

A parábola em estudo pode ser dividida em três partes: a primeira consiste na narração de Mateus, versículos 1-2, que apresenta os fatos “Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa [...] E de muitas cousas lhes falou por parábolas, e dizia [...]”.O discurso que antecede a parábola em análise apresenta um relato pronunciado pelo narrador, que ao mencionar “Naquele mesmo dia...”, deixa indícios de que Jesus já havia saído para pregar, ou seja, naquele mesmo dia havia falado ao seu povo.

No que diz respeito ao tempo, verificamos que a indeterminação também é empregada nessa categoria da narrativa sem estabelecer qualquer precisão cronológica, o período citado, “mesmo dia”, não apresenta correspondência histórica, isto é, não está evidenciado quando se deu a ação narrada.

Com relação ao espaço, verificamos por meio das orações que se seguem, as descrições dos lugares “... saindo Jesus de casa, assentou-se a beira-mar”; “... entrou num barco... e toda a multidão estava em pé na praia.” (grifo nosso). A referência a esses lugares facilita a identificação e a formação da imagem da situação narrada, porém, trata-se apenas de um lugar a beira-mar, sem qualquer traço que o identifique.

Quanto aos personagens, a história menciona Jesus e a figura do semeador sem nenhuma descrição pormenorizada. Cumpre assinalar, ainda, que essas características conferem a universalidade ao texto.

Na seqüência, temos a parábola narrada por Jesus, versículos 3-8. Voltando a atenção para a frase utilizada pelo narrador: “E de muitas cousas lhes falou por parábolas...”, podemos deduzir que, para Jesus, a lição por meio da parábola se tornava mais significativa e compreensível. O vocábulo cousas, situado como coisa, no dicionário Aurélio, representa objeto inanimado; o que existe ou pode existir; realidade; fato; mistério. Assim como, no Houaiss, tudo o que existe ou pode existir; qualquer ser inanimado; realidade; fato concreto.

Aproximando os discípulos de Jesus, lhe perguntaram: “Por que lhes falas por parábolas”? Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido. Pois ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem até o que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem.

A todos os que ouvem a palavra do reino, e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado à beira do caminho. O que foi semeado em solo rochoso é aquele que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo antes de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra; porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera. Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.

Isso permite compreender, que os que praticam a vontade de Deus recebem a mensagem das parábolas, porque pertencem à família de Jesus e os que tentam destruí-lo não conhecem a salvação, pela dureza de seus corações. Visto dessa forma, os que acreditam ouvem as parábolas e as recebem com fé e entendimento, mesmo que a completa compreensão venha gradualmente.

Por fim, a partir da divisão acima apresentada, o desfecho da parábola se dá com a frase final: “Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça”.

As narrativas bíblicas caracterizam um relevante papel na arte literária. Estudiosos da Bíblia afirmam que não são necessárias leituras contínuas desses textos sagrados, uma vez que a arte narrativa do texto bíblico, com uma dimensão literária essencial e um longo caminho a percorrer.

Os textos bíblicos foram considerados, durante séculos, por cristãos e judeus, como fonte única de manifestação divina. Essa crença da história religiosa, alicerçada num propósito de devoção, conduziu para uma interpretação puramente teológica, provocando a ausência de estudos literários nessa área. Nesse momento, os estudos de textos religiosos demonstram a transposição do contexto bíblico para uma perspectiva literária mais ampla, sob novos enfoques, sem interferências na vida cristã do leitor.

Estudiosos constataram que algumas particularidades, quanto à forma, como a parábola é organizada, a escolha exata das palavras, os detalhes e o ritmo da narração conferem a esse gênero uma dimensão literária dotada de uma linguagem intensificada, repetições verbais e peculiaridades sintáticas empregadas com o objetivo de atrair os ouvintes, conduzi-los ao arrependimento e à fé, transformando palavras em atos.

Os primeiros movimentos da moderna crítica bíblica tiveram início no século XIX e, embora, três milênios nos separam das origens desses manuscritos, a Bíblia vem sendo estudada há milhares de anos. Muitos eruditos fizeram progredir a nossa compreensão em relação a esses textos por meio de uma diversidade de instrumentos, que possibilitam desvendar os sentidos originais das palavras bíblicas. Sendo assim, estudiosos têm lido a poesia bíblica guiados por uma expressiva grandeza intelectual.

Nesse mesmo sentido, Benjamim Hrushovski, considerado uma autoridade no campo da poética e da literatura comparada considera o versículo bíblico “como um ritmo semântico-sintático-métrico”. (p. 14) [1] O autor, em sua análise, consegue transpor gerações de desordem e oferecer uma exposição geral da prosódia bíblica, ao mesmo tempo, plausível e elegantemente simples.

Nos últimos anos, têm sido expressivo o interesse pelos estudos literários bíblicos, algumas apreciações dessa escrita são de autoria de literatos como, Mark Van Doren, Maurice Samuel e Mary Ellen Chase. Pela perspectiva literária de Erich Auerbach, a narrativa bíblica é um reflexo de profunda arte e “constitui um texto propositadamente parcimonioso e repleto de segundos planos”. (p. 17) [2]

A fusão da arte literária e visão teológica foram abordadas por Joel Rosenberg, um jovem estudioso e poeta norte-americano, que por meio de uma perspectiva literária confere “O valor da Bíblia como documento religioso estando íntima e inseparavelmente relacionado com seu valor como literatura”. (p. 19) [3]

Em seus estudos, o autor Dominique Maingueneau ressalta que toda obra é composta por uma multiplicidade de outras. Assim, “A intertextualidade é a presença de outros textos em uma obra [...] todo livro recorre a outros livros, absorve, transforma e recria por meio do diálogo com outras obras” [4]. Por tudo isso, os textos bíblicos estão presentes direta e indiretamente nos mais diversificados gêneros. Os estudos e as leis do judiciário recorrem aos textos sagrados se nutrindo de uma multiplicidade de fundamentos religiosos.

Tendo em vista esses apontamentos, o autor Adriano Marrey, em sua obra Teoria e Prática do Júri, faz referência aos doze apóstolos de Jesus, na Antiguidade, para sentenciar um litígio ou uma questão judiciária na lei dos homens:

Nossa civilização decidiu, e decidiu bem. Com muito acerto, que determinar a culpa ou inocência dos homens é coisa demasiadamente importante para ser entregue a homens treinados. Quando deseja luz sobre essa terrível matéria, ela recorre a homens que não sabem de leis mais que eu, mas são capazes de sentir as coisas que senti no recinto dos jurados. Quando quer catalogar uma livraria, ou descobrir o sistema solar, ou qualquer ninharia dessa espécie, ela utiliza seus especialistas. Mas quando deseja que se faça algo realmente sério, reúne a esmo 12 homens comuns. A mesma coisa foi feita, se bem me lembro, pelo Fundador da Cristandade. (grifo nosso) [5]

O Ato de Semear

O verbo semear, no dicionário Hoauaiss significa: lançar sementes de vegetal para que germinem; espalhar; propagar uma notícia. Em outra fonte, no dicionário Aurélio é sinônimo de deitar ou espalhar sementes para germinarem; fazer a semeadura. No entanto, o semeador utilizou a forma verbal caiu; em nenhum momento fora citado o verbo plantar durante todo o percurso. Isso leva a inferir que, aquele que tem a intenção de colher e não sofrer perdas, iria plantar e não deixar cair.

O contexto consiste num cenário significativo para a interpretação de uma parábola. Um exemplo disso se observa na provável inabilidade ao semear, a ponto de pôr a perder uma grande quantidade de semente.

Contudo, a descrição da técnica de semear que nos é habitual, difere da realidade daquele lugar. Na Palestina, a semente é lançada ao solo antes de prepará-lo, ou seja, antes de arar a terra. Nesse sentido, o semeador da parábola passa pelo campo não preparado, ainda com entulhos e semeia pelo caminho. Portanto, o que ao ocidente parece falta de habilidade, é comum para o povo palestino. Para, Joachim Jeremias:

Vê-se então por que ele semeia no caminho: é de propósito que ele lança a semente no caminho, isto é, no trilho que os camponeses, de tanto passar, formaram no meio da antiga roça, pois também o trilho deverá ser arado. É também de propósito que ele semeia entre os espinhos secos espalhados pelo chão não lavrado, pois também eles serão revirados quando o arado passar. Também não é mais de se estranhar que os grãos caiam em chão rochoso, pois as rochas calcáreas, recobertas por uma fina camada de terra, dificilmente se distinguem do campo cheio de restolho, antes de os discos do arado rangerem de encontro a elas. (p. 8) [1]

O semeador da parábola é um camponês palestinense que semeia e colhe, sendo que o destino da semeadura é descrito, para dar à história maior vivacidade, torná-la mais verossímil.

Os estudos de Simon J. Kistemaker revelam que, embora a parábola não nos conte nada a respeito de métodos de cultivo, na parábola de Jesus, o lavrador partiu para o campo levando seu suprimento de grãos numa bolsa que trazia a tiracolo e com passos ritmados lançava as sementes pelo campo sem se preocupar com os poucos grãos que caíam à beira do caminho, nem tampouco com os que eram lançados em terra pouco profunda e sobre as rochas; para o lavrador aquilo fazia parte de seu dia de trabalho.

Visto dessa forma, alguns pormenores não são fatores determinantes na composição de uma parábola, alguns detalhes não são, por demais, significativos perante o que se pretendia ensinar.

Sendo assim, a importância recai sobre a última pessoa mencionada, o último feito ou a última declaração, o que importa é o efeito final, “a colheita”, e não as eventuais perdas. Dessa maneira, o episódio mais significativo da história é o fato de que um camponês semeia e ceifa. A ênfase dada quanto às possíveis dificuldades enfrentadas pelas sementes e com o posterior êxito da colheita indica confiança no futuro, direcionar o olhar do presente para o futuro, do tempo de semear para a colheita, do princípio para a sua consumação.

Para o autor Norman Perrin, não há razões convincentes para duvidar da autenticidade dessa parábola, ela reflete a prática palestinense de não arar antes de semear. Contudo lança um questionamento:

Qual é então o significado de uma história de um camponês palestinense que espalha uns punhados de semente e, apesar de todas as vicissitudes agrárias daquele tempo e lugar, colhe uma fartura de espigas? Certamente o que interessa é o contraste entre presente e futuro: No presente, perdão, mas também tentação; aqui e agora, comunhão de mesa em nome do Reino de Deus, mas somente em antecipação da sua plena salvação final. Tempo de semear e ceifar são metáforas judaicas bem conhecidas para a obra de Deus no mundo e sua consumação. (p. 192-193) [2]

Portanto, A Parábola do Semeador é descrita como uma parábola de contraste, pois descreve a semeadura e a fase final representada pela colheita.

Jesus se deparou com descrença, blasfêmia e oposição à sua palavra, existiam entre os seguidores aqueles que acreditavam e os que rejeitavam. Diante desses fatos não surpreende que alguns discípulos não tenham entendido completamente a parábola do semeador.

Os incrédulos rejeitam as parábolas porque elas são estranhas à sua maneira de pensar e recusam-se a perceber e entender a verdade de Deus, logo, por causa de seus olhos cegos e seus ouvidos surdos, privam a si mesmos da salvação proclamada pelo criador.

Sendo assim, é possível constatar que, não fica claro se a frase final fora proferida por Jesus ou por Mateus: “Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça”.

Em suma, a mensagem dessa parábola comprova o mais admirável dos ensinamentos religiosos: fé e confiança no futuro.

Dessa forma, Jesus lhes falou sobre fatos, realidade e semear, no sentido de espalhar “a palavra”. A idéia fundamental da parábola parte do princípio de que quem ouve a palavra de Jesus e a entende frutifica e produz. E em todos os corações foram lançadas a mesma semente: a do Evangelho e, da mesma forma, que as sementes caem em terrenos inférteis, quando a palavra divina se apresenta diante de um coração sem fé não frutifica.

Essas considerações sobre a parábola, não constituem uma análise exaustiva do texto, e sim uma investigação minuciosa que procura cuidadosamente a arte literária do texto bíblico. O processo de análise desses textos requer uma contínua revisão no sentido de avaliar múltiplas possibilidades de informação e perceber as sutilezas da forma, as complexidades da narrativa, a técnica ficcional, o uso engenhoso da linguagem e outras estratégias.

Em suma, as parábolas anunciam a verdadeira crença da humanidade; assim, a estrutura do texto em estudo revela a mão habilidosa de um arquiteto literário; o evangelista preparou a cena para a parábola do semeador com o objetivo de alertar seus ouvintes para a inesperada colheita arrecadada no reino de Deus.



[1] Joaquim JEREMIAS, As Parábolas de Jesus, p. 8.

[2] Norman PERRIN, O Que Ensinou Jesus Realmente?, p. 192-193.

[1] Benjamim HRUSHOVSKI, (Apud Alter R., 1998. p. 14)

[2] Ibid., p. 17.

[3] Ibid., p. 19.

[4] Dominique MAINGUENEAU, Discurso Literário: Posicionamento, arquivo e gêneros, P. 165

[5] Adriano MARREY, Teoria e Prática do Júri, p. 107.

[6] Marco Antônio Domingues Sant´Anna, O discurso da parábola, p. 3.

[7] Simon J. KISTEMAKER, As Parábolas de Jesus, p. XV.

Ipê... branco, amarelo, rosa, roxo ... flores que embelezam!












Quando Flora o Ipê

Como é bonito ver o ipê que flora,
Pelo cerrado no mês de agosto.
Com tanta seca, tanto cinza exposto
E tanta aridez pelo campo afora,
O Amarelo-Roxo, abre, revigora
Feito um doce alento a bater no rosto
Como se Deus ali tivesse posto
Um sopro de vida, num mundo que chora.
Olhando o cerrado, penso agora em mim!
Ando distorcido, ando tão descrente
Como há muito tempo, não me via assim.
Mas minha cabeça, esperançosa vê,
Que no meio de tudo in-sis-ten-te-men-te
…Flora lá bem longe…um pequenino ipê…

Jenário de Fátima



IPÊ AMARELO

De tronco gigante e copa frondosa,
Galhos possantes e folhas sedosas,
Flores amarelas de perfume estonteante,
Sombra copiosa bem farta e gostosa,
Nativo dos campos, canhadas e serras,
Presente de Deus à mãe natureza,
Revestia o solo com rara nobreza,
Esbanjando beleza lá na minha terra.

Foi casa, foi ninho das aves campeiras,
Hospedou João de Barro e o Sabiá Laranjeira,
Bem-te-vi, Tico Tico e a Coruja Agoureira,
Pica-Pau, Canarinho, Quero-Quero e Coleira,
Coberto de flores na primavera,

Repleto de abelhas e de colibris,
De tardezinha e no romper da aurora,
Se ouvia a sonora orquestra empenada
Da passarada em grande harmonia,
Gorgeando em coro lindas sinfonias.


Sempre solidários, seus galhos fraternos,
Fosse no inverno, outono ou verão,
Acolhiam em sua copa frondosa e materna
As aves nativas lá do meu rincão.
Cresceu solitário no velho potreiro,
Se tornou centenário bonito e faceiro,

Tinha marcas nos galhos de laço e de faca,
Das carneadas de vacas e estaqueadas de couro.
Serviu de pousada pra muitos tropeiros,
Viu muito bagual vender o baixeiro,
E touro valente babar enforcado,
Esticado na corda amarrado em seu seio,

Sestearam em sua sombra grandes cavaleiros.
Heróis, boiadeiros e peões domadores,
Tropas de burros, homens carroceiros,
Carros de bois e velhos carreiros,
Lá na beira da cerca atrás do bolicho

Ouviu rebuliço de gaita e pandeiro.
Em trinta e dois, na revolução,
Pelearam em sua volta de armas nas mãos
Os rebeldes golpistas contra os legalistas,
Gaúchos e Paulistas da nossa nação,
Resistiu tiroteios e bombardeios de avião,

Tiros de canhão, carabina e fuzil,
Viu muito soldado tombado no chão
Morrendo baleado em nome do Brasil.
Como tudo na vida um dia se acaba,
Ipê Amarelo também se acabou,

A golpes de machado e dentes de serra
Tombou sobre a terra rangindo de dor,
Guardando em seu tronco no cerne encravado,
Lembranças do passado da vida que levou,
Ipê legendário cumpriu seu fadario,
Traçado por Deus, nosso pai redentor.
Saiu do potreiro e entrou para a história,
No livro da memória de um índio trovador!

Antonio Francisco de Paula