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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Estante Virtual


Busque livros na maior rede de Sebos do Brasil.
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PRIMAVERA NO CARDÁPIO: Nutrição, receitas, escolhas saudáveis

Nutrição, receitas, escolhas saudáveis
Tudo são flores
Elas fazem bonito da entrada à sobremesa
Carpaccio com pera cozida em especiarias e pétalas ...
Vale a pena conferir!
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1409201011.htm>

Alunos de superior em tecnologia encontram mercado aquecido

PATRÍCIA GOMES DE SÃO PAULO
Quem opta por fazer um curso tecnológico tem pela frente, ao final de três anos, um diploma de curso superior e um mercado ávido para absorver os formandos. A demanda do mercado explica, em parte, a alta de 135% em seis anos no total de cursos de tecnologia oferecidos nos institutos federais. Nas instituições particulares, que concentram mais de 80% das vagas, o crescimento foi ainda mais expressivo: 800% no mesmo período. Segundo Francisco Borges, diretor acadêmico da Veris Faculdades, pela natureza prática do curso, os formandos dos superiores em tecnologia são disputados em momentos de retomadas econômicas, como o atual. "O aluno não é necessariamente mais velho, mas é alguém que foi para a educação profissional, que conhece a área de atuação." Aos 23 e formado em sistemas para internet, Pedro Teixeira já montou um negócio de vendas pela internet, foi descoberto por uma grande empresa de tecnologia da informação, mudou de emprego e comemora o fim da pós. Sobre a sua opção de não fazer um bacharelado, justifica: "Procurei um curso que me desse uma formação bem focada no que eu queria". No ensino médio, Pedro estudou informática em um curso técnico -formação comum entre os alunos dos cursos superiores tecnológicos.

Folha de São Paulo, 15/09/2010 - São Paulo SP
Unicamp cria curso sequencial para estudante de escola pública
DE SÃO PAULO - O Conselho Universitário da Unicamp aprovou, na semana passada, o Profis (Programa de Formação Interdisciplinar Superior). Pelo programa, os 120 alunos das escolas públicas de Campinas com melhores notas no Enem poderão, a partir de 2011, fazer um curso de dois anos de formação interdisciplinar na universidade. No período, os alunos terão aulas de disciplinas como matemática, português ou ainda ética e primeiros socorros. Ao fim do curso, os alunos que quiserem poderão ingressar, sem vestibular, nos cursos da Unicamp. A prioridade na ocupação das vagas se dará aos com melhor desempenho durante o programa.

As vagas que os cursos de graduação oferecerão para o Profis foram criadas especialmente para o programa e não estarão no vestibular tradicional. Medicina, por exemplo, vai oferecer duas vagas extras aos egressos do Profis. Quem optar por não continuar os estudos terá um certificado de curso sequencial de formação superior, algo que, segundo Marcelo  Knobel, pró-reitor de graduação, é inédito no Brasil. "Esse modelo é muito comum no exterior, mas não tem aqui", diz. De acordo com o pró-reitor, o Profis vai melhorar a formação dos bons alunos das escolas públicas. "O programa vai beneficiar alunos da escola pública que têm potencial para se desenvolver, mas se auto-excluíam do vestibular." Ainda segundo Knobel, o programa passará por avaliações constantes e poderá incluir escolas públicas de fora de Campinas através de parcerias com outras universidades.
 
Disponível em: <Folha de São Paulo, 15/09/2010 - São Paulo SP>. Acesso em 15-09-2010.

A ARTE NO ENSINO DA LITERATURA


FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE JACAREZINHO 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ESTUDOS LINGÜÍSTICOS E LITERÁRIOS 
 
   
TÍTULO:  A Arte no Ensino da Literatura 
 
   
AUTORA: Selma Cristina Freitas Pupim 
 
  
ORIENTADORA: Profª Penha Lucilda de Souza Silvestre 
      
  
Maio/2007
 
A ARTE NO ENSINO DA LITERATURA

PUPIM, Selma Cristina Freitas[1]

Resumo: O conhecimento detém fundamental importância em qualquer projeção que se faça do futuro. Por isso, há um consenso de que o desenvolvimento de um país está condicionado à qualidade da sua educação. Nesse contexto, a pergunta que se faz é: Qual educação, qual professor? Qual metodologia? Quais textos e obras? Esse artigo busca estimular o olhar da descoberta e o poder mágico que a arte e a literatura exercem quando se trata de conhecimento. A educação do futuro está centrada no imaginário e na utopia, pois existem tantos mundos quanto nossa capacidade de imaginar. Sendo assim, o professor é um eterno investigador das idéias impressas nas páginas que convidam à leitura em toda sua magia. A leitura de textos e imagens guia os caminhos para um novo horizonte. A cada obra de arte, a cada pintura, nasce uma significativa imagem, que provoca permanente curiosidade e esse procedimento inserido no processo de aquisição de conhecimentos adquire uma medida de liberdade e de prazer. O aluno descobre que apreciar as artes é dar sentido à vida, é construir histórias e descobrir a realidade; é uma cumplicidade gerada pela energia do saber, pela magia da literatura, que estabelece um elo de ligação e de trocas para eliminar as sombras da ignorância.
Palavras-chave: arte, leitura, conhecimento. 
 
INTRODUÇÃO
O diálogo das letras com a arte se renova continuamente e desperta no leitor e no observador o desejo de um conhecimento mais aprofundado sobre as obras, de procurar outros pontos de contato, de confrontá-las novamente. Desse modo, a arte proporciona um estimulante diálogo entre as diferentes linguagens, que possibilita um rico trabalho interdisciplinar exercitando a curiosidade, provocando a inteligência e estimulando a sensibilidade.  
É nesse sentido, que para facilitar o encontro das pessoas com a literatura é chamar a atenção para a especificidade da linguagem de cada forma de arte. Dessa forma, os autores conduzem o leitor pelas veredas da literatura, num diálogo rico entre imagem e palavra.
Segundo Robert Hughes[2], o mais conhecido crítico de arte dos últimos tempos, “Os mestres da pintura se relacionam a nós da mesma forma que as grandes obras literárias e as composições musicais do passado”.
Sendo assim, o homem atual pode se relacionar com a arte por meio da leitura de sua obra. É preciso ter em mente que a arte é feita antes de tudo para deliciar os olhos e o espírito e, é por meio disso que ela nos conduz a um conhecimento mais profundo de nossa natureza.
Sem dúvida, a arte tem influência relevante na formação cultural de uma pessoa e desempenha um papel fundamental para elas, além de fazer de nós pessoas melhores.

JUSTIFICATIVA
Não se pode falar do futuro da educação sem certa dose de cautela. É com essa cautela que, em meio a tanta perplexidade, questionamos o papel da educação neste novo contexto social. Que perspectivas podemos apontar para a educação? Para onde vamos? Falar em perspectivas é falar de esperança no futuro.
Hoje muitos educadores, perplexos diante dos números que apontam os índices de analfabetismo funcional, se perguntam sobre o futuro de crianças e jovens. Então, aparecem, no pensamento educacional, as palavras: projeto-pedagógico, pedagogia da esperança, ideal pedagógico e o futuro como "possibilidade". Fala-se muito em possíveis cenários para a educação, no entanto, para se desenhar uma perspectiva é preciso ir muito mais além.
Todas essas palavras indicam uma direção ou, pelo menos, um horizonte em direção ao qual se caminha ou se pode caminhar. Elas designam "expectativas" e anseios que podem ser captados, sistematizados e colocados em evidência.
A ênfase na leitura tornou-se aquisição definitiva para os educadores. Sendo assim, a educação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual dominante vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão, da imagem e a da informática, particularmente a linguagem da Internet. A cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da educação à distância com base na Internet.
Diante desse contexto, é sabido que as crianças já estão nascendo com essa nova cultura. Aos profissionais da educação compete estimular o ensino das Artes e da Literatura como formadora de consciência, uma vez que é pelo imaginário que se pode conquistar o verdadeiro conhecimento de si mesmo.
Ainda trabalha-se muito com recursos tradicionais, porém os que defendem a informatização da educação sustentam que é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memória. Para ele, a função da escola será, cada vez mais, a de ensinar a pensar criticamente.
 Para isso é preciso dominar mais metodologias e linguagens, principalmente, a leitura e o ensino das artes.
O ensino da leitura assume uma grande importância nas aulas. O aluno deve ser preparado para ser um bom leitor. O bom leitor não é apenas o que compreende mais e melhor os textos que lê, mas o que sente prazer e gosto pela leitura. A capacidade de desfrutar a leitura é uma característica intrínseca do bom leitor. Sem o leitor, o texto é um significante sem significado. É preciso que o aluno compreenda a significação do texto em sua profundidade, assim como, da música, da pintura, para ser capaz de entender o processo de criatividade, consciência da linguagem e consciência crítica.
Dessa forma, a arte é composta de signos, códigos e símbolos que precisam ser decifrados e, é por isso, que necessitamos de uma alfabetização artística. A arte contribui para a formação intelectual do indivíduo e das atividades artísticas, portanto, a arte é favorável à formação da personalidade. Sendo assim, inserir a arte nos anos iniciais do ensino é aproximar as pessoas da literatura e ativar o gosto de pela leitura.

OBJETIVOS
Desse modo, este trabalho tem como objetivo básico a ênfase que se dará na ampliação da competência leitora dos alunos, bem como, enfatizar a leitura de diversos gêneros e artes, em especial a pintura.  É atrair o pequeno leitor para a descoberta do mundo, levando-o a participar desse processo.
O trabalho visa favorecer o resgate da literatura a partir do ensino das artes. Além disso, aproximar os alunos, não somente, da literatura infantil, mas de todas as manifestações de cultura.
Cada pessoa possui uma representação interior de memórias associativas, de pensamentos e linguagens simbólicas. A experiência de viver dá origem às potencialidades criativas dos homens, dando formas expressivas à linguagem verbal e não verbal. Ao trabalhar uma pintura, uma poesia, os alunos não só desenvolvem a interpretação, mas também adquirem a compreensão de suas potencialidades, em relação ao o que está sendo apresentado.
Podemos imaginar que a simples escolha de um livro deva de diferentes formas, exigir do professor determinados conhecimentos para que essa opção possa ser feliz.
É preciso propiciar ao aluno, em sala de aula, o contato com outras formas de leitura como, por exemplo, letras de música popular brasileira, quadros de pintores famosos, entre outros. A criança utiliza uma linguagem simbólica para expressar uma linguagem própria. Essa realidade é construída a partir da seleção de suas experiências em relação a si mesma e ao meio que a circunda.
Para tanto, é extremamente interessante que se oportunize o contato e a percepção visual da criança com a arte, para que ela construa uma leitura de mundo consistente, além de auxiliar na construção dos símbolos, pois o olhar artístico contribui significativamente para as elaborações perceptivas na criança. 
Essa experiência motiva o aluno e desperta nele um prazer maior pela leitura e pela busca de novos significados. O questionamento proposto nos textos em livros didáticos apresenta grande variedade na questão da finalidade, pois enfatizam a cultura, formação moral, ensino da gramática e outros, mas não apresenta um objetivo definido. No caso é o próprio texto que sugere o questionamento.
Nesse sentido, a literatura estimula o olhar da descoberta, transforma mentes, exerce o poder mágico do conhecimento e proporciona um espaço de prazer. A arte é uma via para expor o pensamento sobre o mundo, portanto, desenhar e reproduzir são formas de valorizar as manifestações e de se aproximar da arte.

METODOLOGIA
O trabalho contará com a realização de diversas atividades, a exemplo de rodas de leitura, dramatizações, danças, pinturas, músicas, poesias e, sobretudo, a reprodução de pinturas - desenho.
O aluno ao trabalhar com arte, aperfeiçoa e desenvolve a sua expressão artística, a sua forma de olhar e entender o mundo. Para que isso ocorra, ele cria, produz, constrói desenhos, dança e faz sua própria história.
Nesse sentido, o professor fará a mediação entre a arte e a criança; é ele quem deve ampliar o repertório expressivo do aluno oferecendo subsídios, que facilitem o contato e a fruição das obras de arte e produtos artísticos.
Sendo assim, ao apresentar uma obra de arte aos alunos é uma forma de motivá-los a estimular a percepção da linguagem visual e estética, os elementos formais, configuração espacial, além de, apreciar as imagens, descrever sentimentos e sensações.

DESENVOLVIMENTO
Sendo assim, para desenvolver o conteúdo de forma eficiente, o professor deverá garantir de forma articulada, uma prática em três momentos:

 Fazer arte; conhecer arte; apreciar arte.

Como sabemos, a escola é o primeiro espaço formal onde se dá o desenvolvimento de cidadãos, nada melhor que nela se dê o contato sistematizado com o universo artístico e suas linguagens como, artes visuais, música e literatura. Contudo, o que se percebe é que, muitas vezes, o ensino da arte está relegado ao segundo plano ou é encarado como mera atividade de lazer.
A concepção de arte implica numa expansão do conceito de cultura; a cultura está em permanente transformação, ampliando-se e possibilitando ações que valorizam a produção e a transmissão do conhecimento.
Ao apreciar e tomar conhecimento das diferentes expressões artísticas, o aluno adquire parâmetros suficientes para estabelecer relações construtivas que lhe auxiliarão em seu aprendizado.
Além disso, trabalhar com Portinari, Tarsila do Amaral, Da Vinci, Picasso, por exemplo, significa conhecer a própria história e os problemas sociais. Despertar a arte literária através da pintura como a “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci, “Vasos de Flores” e “Os Girassóis”, de Vincent Van Gogh, revelando as características da pintura expressionista. Descobrir os sons de Vila Lobos e Carlos Gomes é conhecer as raízes da música erudita no Brasil.
Incentivar os alunos a ouvir uma boa música é fundamental para enriquecer o aprendizado, auxiliar no desenvolvimento emocional e proporcionar uma formação mais completa. Sendo assim, a música desempenha um papel importante na vida das pessoas, não só para os que gostam dela, mas também para aqueles que ainda querem conhecê-la.
Nesse sentido, as músicas de Elis Regina, Caetano Veloso, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, entre outros, despertarão para o gosto da música popular brasileira, uma vez que a criança estará em seu processo inicial de formação quanto aos gêneros musicais.
Não só isto, mas entender a arte de escrever de Monteiro Lobato e Machado de Assis é possibilitar ao aluno descobrir a beleza e o poder das letras.
É fundamental relacionar a arte e as raízes culturais para que os alunos percebam a expressão artística como expressão de suas realidades. Sendo assim, quando pensamos em educação e arte, devemos considerar a necessidade da convivência com as obras de artes de forma ampla. Essa convivência com os tipos de arte, os estilos, as épocas e os artistas é extremamente saudável e necessária. 
Assim, ao apresentar uma obra como “A Mona Lisa”, dizendo que se trata de um pintor italiano famoso, fará com que o aluno ao chegar ao ensino médio levará com ele conhecimentos de literatura.
Diante desses apontamentos, conhecer a arte e a literatura em sua amplitude nos leva a resgatar momentos significativos, compreender atitudes e ações, entender o contexto atual em que vivemos. Por meio desse contato é possível apreciar, sentir e depois analisar o conhecimento da linguagem de cada arte, a cultura que gerou a obra, seus estilos.
Assim, a função social da arte fica clara, à medida que ela transforma e nos traz o conhecimento de mundo real.
A arte na educação diz respeito também ao conhecimento de teorias, técnicas, recursos, instrumentos. É extremamente interessante que essa arte permita ao aluno, o exercício da criatividade, da leitura e da compreensão de significados.
Seja qual for o recurso utilizado para o despertar das artes, o importante é destacar que o hábito da leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes, capazes de compreender diferentes tipos de textos, sejam eles verbais ou não-verbais. Quando se fala em leitura, é importante ressaltar, que a pintura, a poesia e a boa música estão incluídas nesse processo. Para se promover esse gosto pela leitura é necessário que se comece oferecendo aos alunos aquilo que corresponda ao seu universo de expectativas, ou seja, aquilo que atenda as suas preferências e aos poucos expandir para outras leituras. Isso ampliará a sua visão de mundo e contribuirá para a formação de um leitor capaz de “olhar” para o próprio texto e verificar suas falhas intrínsecas, propiciará a aquisição de um léxico mais diversificado e a autonomia de buscar outros textos que não se restrinjam ao universo escolar.
Para que se garanta a eficácia no trabalho com a leitura em sala de aula, é fundamental que o ato de ler seja visto pelos alunos não somente como uma fonte de informação, mas também como uma prática prazerosa e significativa. Por isso, para que essa leitura se torne ainda mais produtiva, existem alguns procedimentos que o educador poderá adotar, de modo a assegurar que a atenção e concentração do aluno estejam direcionadas ao texto.
Nesse sentido, a leitura é um processo que possibilita a obtenção desses recursos uma vez que se trata de um caminho contínuo, possuindo um início, mas nunca um final, que leva o aluno da informação ao conhecimento.

CONCLUSÃO
Em suma, o conhecimento é o grande capital da humanidade e a escola precisa ser um centro de inovação. Entretanto, temos uma tradição de dar pouca importância ao convívio com as artes, as quais deveriam começar já nas séries iniciais da educação infantil.
Como sabemos, realidade e imaginação adquirem importância no universo literário infantil, portanto, hoje vale tudo para aprender e neste contexto de infiltração do conhecimento, cabe à escola: amar o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural; selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses; ser criativa e inventiva, inovar; ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir um conhecimento elaborado.
Os educadores poderão abrir espaços para manifestações que possibilitam o trabalho com o exercício da imaginação, a descoberta e a invenção e as novas experiências perceptivas.
Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola para navegar nesse mar do conhecimento, superando a visão utilitarista de só oferecer informações "úteis" para a competitividade, para obter resultados. Sendo assim, deve oferecer uma formação geral na direção de uma educação integral. Servir de bússola significa orientar criticamente, sobretudo, as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer.
Numa perspectiva emancipadora da educação, a escola tem que fazer tudo isso, reconstruir conhecimentos e os professores deixarão de ser apenas educadores para ser "gestores do conhecimento”.
Sendo assim, a educação tornou-se estratégica para o desenvolvimento, mas, para isso, não basta "modernizá-la", como querem alguns. Será preciso transformá-la profundamente, a escola precisa ter projeto, precisa de dados, precisa fazer sua própria inovação, planejar-se a médio e em longo prazo, fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus parâmetros curriculares, enfim, ser cidadã.
Além disso, as mudanças que vêm de dentro das escolas são mais duradouras, sendo assim, da sua capacidade de inovar, registrar, sistematizar a sua experiência, dependerá o seu futuro. Nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação.
Diante disso, é necessário construir conhecimentos a partir do que se faz e, para isso, é preciso ser curioso, buscar sentido para o que se faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos.
Cabe à escola dar o exemplo, ousar, construir o futuro. Inovar é mais importante do que reproduzir com qualidade o que existe. A matéria-prima da escola é sua visão do futuro. Cabe a nós, educadores, sermos agentes de transformação do apreciar e do olhar artístico, possibilitando aos jovens e crianças, conhecer nossa cultura e história, o Brasil e seu povo, nossos sonhos e nossa realidade, representados e expressos em cores, formas e linhas, imagens figurativas e abstratas e este é o maior desafio.
É no espaço educativo que se possibilita o acesso à arte para uma grande maioria de crianças e jovens. Propiciar o contato com o belo, desenvolver o gosto pela leitura, pintura, o contato com os clássicos da música poderão ser uma contribuição valiosa que caracterizam novas situações comunicativas, promovendo uma situação de aprendizagem eficaz.
A escola está desafiada a mudar a lógica da construção do conhecimento, pois a aprendizagem agora ocupa toda a nossa vida e o ensino alicerçado na arte poderá propiciar uma nova relação para os alunos em relação à leitura, lançar um novo olhar a esse público leitor que está em formação.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Hora da Leitura, Secretaria de Educação do Estado de São Paulo/ Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura: arte, conhecimento e vida.
DIONÍSIO, Angela & BEZERRA, Ma. Auxiliadora (org.). O livro didático de português: múltiplos olhares. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
FÁVERO, Leonor L. & KOCH, Ingedore G. V. Lingüística textual: introdução. São Paulo: Cortez, 1983.
GERALDI, João W. (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 1997.
NEVES, Iara C. B. et al. (2000) (org.). Ler e escrever
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
Nova Escola. São Paulo: Abril, 2006.
HUGHES, Robert. Revista Veja. O guardião da arte. São Paulo: Abril, 2007. ed. 2005, ano 40, nº. 16 (P 11-16).


 

A ARTE NO ENSINO DA LITERATURA

§  O conhecimento / importância / futuro
§  Desenvolvimento de um país / à qualidade da sua educação.

§  Qual educação, qual professor? Quais metodologias? Quais textos e obras? 

Objetivos:

§  Estimular o olhar da descoberta / o poder mágico que a ARTE e a LITERATURA exercem quando se trata de conhecimento.
§  Estimular o ensino das Artes e da Literatura como formadoras de consciência.
§  Estabelecer o contato com o universo artístico e suas linguagens como, artes visuais, música e literatura.
§  Ênfase na competência leitora dos alunos.
§  Enfatizar a leitura de diversos gêneros e artes, em especial a pintura.
§  Favorecer o resgate da literatura a partir do ensino das artes -  analisar o conhecimento da linguagem de cada arte, a cultura que gerou a obra, seus estilos.
§  ampliar o repertório expressivo do aluno - facilitar o contato e a fruição das obras de arte.
§  Aproximar os alunos de todas as manifestações de cultura e atrair o pequeno leitor para a descoberta do mundo.
§  Percepção da linguagem visual e estética - identificar os elementos formais. 

§  A educação do futuro está centrada no imaginário, pois existem tantos mundos quanto nossa capacidade de imaginar - O professor é um mediador que convida à leitura em toda sua magia.

A leitura de textos e imagens guia os caminhos para um novo horizonte. A cada obra de ARTE, a cada PINTURA, nasce uma significativa imagem, que provoca uma permanente curiosidade  - aquisição de conhecimento - sensação liberdade e de prazer.

Apreciar as artes é dar sentido à vida - diálogo das letras com a arte desperta no leitor  o desejo de um conhecimento mais aprofundado sobre as obras.

A arte proporciona um estimulante diálogo entre as diferentes linguagens e possibilita um rico trabalho interdisciplinar exercitando a curiosidade e estimulando a sensibilidade. 

A arte é criada para deliciar os olhos e o espírito - influência relevante na formação cultural das pessoas.

A ênfase na leitura  - linguagem escrita -  cultura atual - uma nova linguagem:  da televisão, da imagem e a da informática.

Nova cultura - novas metodologias e linguagens, principalmente, a leitura e o ensino das artes – bom leitor –   consciência crítica.

A arte é composta de signos, códigos e símbolos que precisam ser decifrados e, é por isso, que necessitamos de uma Alfabetização Artística.
§  contribuirá para a formação intelectual e das atividades artísticas - explorar as imagens, descrever sentimentos e sensações.

§  aproximará as pessoas da literatura e ativar o gosto de pela leitura.
§  Possibilitará o contato com outras formas de leitura: letras de música popular brasileira, quadros de pintores famosos.

A criança utiliza uma linguagem simbólica para expressar uma linguagem   própria. Essa realidade é construída a partir da seleção de suas experiências em relação a si mesma e ao meio que a circunda.

§  O contato com a arte - construir uma leitura de mundo consistente, auxiliar na construção dos símbolos - o olhar artístico contribui significativamente para as elaborações perceptivas na criança. 

A arte é uma via para expor o pensamentodesenhar e reproduzir são formas de valorizar as manifestações e de se aproximar da arte.

METODOLOGIA

§  realização de diversas atividades, a exemplo de rodas de leitura, dramatizações, danças, pinturas, músicas, poesias;
§  reprodução de pinturas – desenho;
§  Inserir letras de música popular brasileira;
§  Exploração da biografia do autor, características dos movimentos literários;
§  o professor será o mediador entre a arte e a criança. 

A concepção de arte implica numa expansão do conceito de cultura; a cultura está em permanente transformação.

Ao tomar conhecimento das diferentes expressões artísticas, o aluno adquire parâmetros para estabelecer relações construtivas que lhe auxiliarão em seu aprendizado.

Trabalhar com Portinari, Tarsila do Amaral, Da Vinci, Picasso, por exemplo, significa conhecer a própria história e os problemas sociais. Despertar a arte literária através da pintura como a “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci, “Vasos de Flores” e “Os Girassóis”, de Vincent Van Gogh, revelando as características da pintura expressionista. Descobrir os sons de Vila Lobos e Carlos Gomes é conhecer as raízes da música erudita no Brasil.

Incentivar os alunos a ouvir uma boa música é fundamental para enriquecer o aprendizado, auxiliar no desenvolvimento emocional e proporcionar uma formação mais completa. Sendo assim, a música desempenha um papel importante na vida das pessoas, não só para os que a apreciam, mas também para aqueles que podem conhecê-la.

Nesse sentido, as músicas de Elis Regina, Caetano Veloso, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, entre outros, despertarão para o gosto da música popular brasileira, uma vez que a criança estará em seu processo inicial de formação quanto aos gêneros musicais. (Águas de Março)

É fundamental relacionar a arte e as raízes culturais para que os alunos percebam a expressão artística como expressão de suas realidades.

Sendo assim, quando pensamos em educação e arte, devemos considerar a necessidade da convivência com as obras de artes de forma ampla.

Assim, ao apresentar uma obra como “A Mona Lisa”, dizendo que se trata de um pintor italiano famoso, fará com que o aluno ao chegar ao ensino médio levará com ele conhecimentos de literatura.

Assim, a função social da arte fica clara, à medida que ela transforma e nos traz o conhecimento de mundo real.

A arte na educação diz respeito também ao conhecimento de teorias - Seja qual for o recurso utilizado para o despertar das artes, o importante é destacar que o hábito da leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes, capazes de compreender diferentes tipos de textos, sejam eles verbais ou não-verbais.

CONCLUSÃO
Em suma, o conhecimento é o grande capital da humanidade e a escola precisa ser um centro de inovação. Entretanto, temos uma tradição de dar pouca importância ao convívio com as artes, as quais deveriam começar já nas séries iniciais da educação infantil.

Como sabemos, realidade e imaginação adquirem importância no universo literário infantil, portanto, hoje vale tudo para aprender e neste contexto de infiltração do conhecimento.

Cabe à escola:
§  amar o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural;
§  selecionar e rever criticamente as metodologias;
§  formular hipóteses; ser criativa e inventiva, inovar;
§  construir e reconstruir um conhecimento elaborado;
§  servir de bússola para navegar no mar do conhecimento;
§  superar a visão de só oferecer informações "úteis" para a competitividade e para obter resultados.
§  oferecer um ensino alicerçado na arte para;
§  lançar um novo olhar a esse público leitor que está em formação.

Nessa perspectiva de reconstruir conhecimentos OS PROFESSORES DEIXARÃO DE SER APENAS EDUCADORES PARA SER "GESTORES DO CONHECIMENTO”.

Nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação.

A matéria-prima da escola é sua visão do futuro. Cabe a nós, educadores, sermos agentes de transformação do apreciar e do olhar artístico, possibilitando aos jovens e crianças, conhecer nossa cultura e história, o Brasil e seu povo, nossos sonhos e nossa realidade, representados e expressos em cores, formas e linhas, imagens figurativas e abstratas e este é o maior desafio.

É no espaço educativo que se possibilita o acesso à arte para uma grande maioria de crianças e jovens. Propiciar o contato com o belo, desenvolver o gosto pela leitura, pintura, o contato com os clássicos da música poderão ser uma contribuição valiosa que caracterizam novas situações comunicativas.

Sendo assim, para desenvolver o conteúdo de forma eficiente, o professor deverá garantir de forma articulada, uma prática em três momentos:

§     FAZER ARTE; CONHECER ARTE; APRECIAR ARTE. Ana Mae Barbosa

Águas de Março

Letra e música: Tom Jobim / Cantora: Elis Regina

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba no campo, é o nó da madeira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é uma sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão...




[1] UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná - Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho - Curso de Especialização em Estudos Lingüísticos e Literários.
[2] HUGHES, Robert. O guardião da arte. Veja. São Paulo: Abril, 2007. Ed. 2005, ano 40, nº. 16

NOVA ESCOLA / RECUPERAÇÃO "Como fazer recuperação sem deixar de cumprir o programa"


Se um aluno não compreendeu um conteúdo, é preciso retomar os conceitos com novas atividades e estratégias - sem, é claro, deixar de seguir com o programa

Anderson Moço (novaescola@atleitor.com.br). Colaborou Camila Monroe
EM RECUPERAÇÃO
Todo
estudante, em algum momento, apresenta
dúvidas. Isso faz parte do processo de
aprendizagem. A saída é enfrentar logo o
problema, diversificando as estratégias
de ensino.
Qualquer um conhece o esquema: no fim do ano, a escola dá a última chance aos que não alcançaram a nota mínima. Durante duas semanas, já devidamente rotulados de "aqueles com dificuldade de aprendizagem", eles têm de rever todos os conteúdos (juntamente com colegas das demais salas) e fazer uma prova. Quem tira nota boa passa de ano. Quem não tira é reprovado. Você acha que a recuperação funciona (só) assim? Esta reportagem indica um novo caminho - e mostra que é possível adotar uma concepção de ensino e de aprendizagem diferente da antiga visão de que, "se o estudante não sabe a matéria, o problema é (d)ele".

Já é amplamente conhecida a premissa de que todos podem aprender, sem exceção - e que cada um se desenvolve de um jeito próprio - e num ritmo particular. "Os professores sabem que a classe não responde de forma homogênea à apresentação de um conteúdo de estudo e que nem todos compreendem usando as mesmas estratégias cognitivas", explica Jussara Hoffmann, especialista em avaliação e professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O que fazer, então? Cipriano Luckesi, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sugere a seguinte abordagem: "Se, ao verificar quem aprendeu o quê, você percebe que um ou mais estão com dificuldade, é preciso repensar as estratégias e materiais para eles". Ou seja, para quem acredita que ninguém vai ficar para trás, a única saída é fazer a tal recuperação sempre.

A chave do processo é avançar e retroceder ao mesmo tempo. Quem atingiu o esperado tem de continuar aprendendo. E os demais não devem ser abandonados, certo? "É preciso trabalhar as dúvidas em atividades, dentro da própria sala de aula, assim que elas aparecem, em vez de deixar que se acumulem", reforça Maria Celina Melchior, professora da pós-graduação em Educação e coordenadora pedagógica da Faculdade Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre.

E mais. Como ainda estamos em setembro, é perfeitamente possível coordenar esforços para fazer com que todos avancem. O primeiro passo é diagnosticar, em detalhes, o que cada um sabe. Caso muitos tenham a(s) mesma(s) dificuldade(s), não pense duas vezes: é hora de retomar esse(s) conteúdo(s) de um jeito novo, pois a aula original provavelmente foi ineficaz. Se os problemas são diferentes, o segredo também é apresentar a matéria de forma a proporcionar aos que precisam a construção de outros caminhos. Uma boa estratégia, garantem os especialistas, é iniciar ou intensificar o trabalho em grupos.

Mas como retomar os conteúdos sem deixar de cumprir o programa? E como fazer tudo isso sendo apenas um professor dentro da sala? A resposta para essas e outras perguntas fundamentais quando se pensa em recuperação é o que você vai encontrar a seguir. Esclarecemos os 11 questionamentos mais comuns (do diagnóstico à lição de casa, passando pelas estratégias para garantir que o trabalho esteja dando resultado) para você e seus colegas ajudarem a cumprir o maior papel da escola: ensinar de verdade.

Reportagem sugerida por 3 leitores: Hélio Tadeu Guimarães, São João de Meriti, RJ, Sandra Verônica Macedo Lopes, Juazeiro do Piauí, PI, e Vivian Campos Bittencourt, Salvador, BA

1 Como verificar o que de fato os alunos ainda não aprenderam?
Diagnóstico inicial, provas, observações de atividades realizadas em sala de aula, exercícios de sondagem, situações-problema, trabalhos em grupo, tarefas de casa - em conjunto, esses e outros instrumentos de avaliação ajudam a enxergar os diferentes saberes de cada um. Olhar apenas a nota das provas é absolutamente insuficiente para averiguar o que foi aprendido. Ainda mais quando sabemos que esse tipo de avaliação nem sempre é preparado de uma forma que permita checar se cada conteúdo trabalhado foi de fato aprendido. "Avaliação bem feita e válida é aquela que está relacionada aos objetivos de ensino e traz perguntas que abordam tudo o que foi ensinado. Ela permite que o aluno descreva o que aprendeu ou deixou de aprender", afirma Luckesi. "Sem ter clareza sobre as dificuldades de cada um, o professor pensa que terá de trabalhar com muito mais conteúdos do que o necessário e acaba desistindo da recuperação."

Como analisar os resultados das estratégias de avaliação?
Em relação especificamente às provas, uma boa dica é ler de uma vez a resposta de todos a uma mesma questão. É importante fazer anotações sobre as dificuldades encontradas: quem errou, por quê, como, as ideias apresentadas sobre o assunto, quais os equívocos mais comuns etc. Tabular esses dados ajuda a definir em que investir mais força, o que retomar coletivamente e o que trabalhar em pequenos grupos (leia mais no quadro abaixo). Ao analisar cadernos, portfólios e trabalhos de casa, você tem um retrato dos diferentes momentos de avanço da turma - o que é fundamental para enxergar exatamente onde está a dificuldade de cada um em compreender o conteúdo e para eleger as estratégias que ajudarão todos a superar os problemas.

Nas situações do dia a dia na sala de aula e nas tarefas de casa, é possível checar se problemas detectados no desempenho em provas se confirmam. "É comum as crianças não saberem utilizar nos testes o conhecimento que têm", ressalta Rosa Maria Antunes de Barros, coordenadora pedagógica da Escola Castanheiras, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, e autora de um estudo sobre grupos de apoio em escolas. Se numa atividade um aluno soube fazer algo e nas outras não, é indicativo de que ele domina parte do conteúdo, mas não está seguro disso. É imprescindível falar com ele, escutar quais são suas hipóteses, verificar até onde chegou e quanto avançou desde a última atividade.
3 Concluí que meus alunos têm dificuldades diferentes. Como lido com isso?
"Fazer agrupamentos é o grande pulo do gato para recuperar as aprendizagens de todos", acredita Rosa Maria. Tendo um diagnóstico bem feito, que aponte exatamente os problemas de cada um em relação aos conteúdos trabalhados em sala até o momento, é possível dividir a classe. Um grupo será constituído pelos que não apresentam problemas e precisam continuar avançando. Os demais devem ser divididos em no máximo três agrupamentos, com dificuldades comuns entre os integrantes. Afinal, em determinado tema abordado em aula, não há tantas coisas diferentes que possam gerar dúvidas entre a garotada. Porém, se você detectou que um problema de aprendizagem é comum a grande parte da turma, cabe uma reflexão: será que a metodologia e a estratégia utilizadas foram coerentes com o objetivo pedagógico? Em seguida, retome o conteúdo com urgência e sobre novas bases. Lembre-se de que avaliar também é checar a qualidade e a eficácia do próprio trabalho.
4-Quais os critérios mais indicados para formar grupos em sala de aula?
São duas as variáveis que determinam os agrupamentos: as necessidades de aprendizagem e o objetivo da própria atividade. Além disso, é importante considerar as características pessoais e os vínculos afetivos da turma. Dependendo da tarefa, a garotada fica livre para escolher os parceiros. "Em qualquer dessas situações, é importante deixar claro para todos no que se baseou a organização e os seus objetivos com ela. Eles têm de estar seguros e saber o que é esperado deles", ressalta Maria Celina Melchior.
5-De que forma posso organizar o trabalho dentro dos agrupamentos?
Em cada um deles, o estudo pode se dar em subgrupos, duplas ou individualmente, de acordo com as necessidades de aprendizagem e os objetivos de ensino. Em agrupamentos maiores, são ricas as discussões de estratégias para resolver uma questão ou a reflexão sobre o tema estudado. Nas duplas, é válido colocar alguém que tenha maior dificuldade para realizar uma atividade com um colega que entendeu melhor. As dúvidas do primeiro podem ser fundamentais para que o outro avance no conteúdo. Além disso, quem está enfrentando problemas aprende com a ajuda do colega. "Isso, no entanto, não deve ocorrer sempre. É preciso lembrar que quem sabe também precisa continuar aprendendo", explica Maria Celina. Já as atividades individuais ajudam o aluno a se sentir seguro sobre as aprendizagens, já que tem de colocar em jogo todo o conhecimento adquirido. Não esqueça: na maior parte do tempo, todos estarão juntos e vão seguir aprendendo ou revendo os mesmos conteúdos.

6-Como dar conta das diferentes demandas dos grupos sendo uma pessoa só?
O segredo é planejar em detalhes cada aula de recuperação, prevendo tarefas para todas as equipes (leia mais no quadro abaixo). O ideal é propor sequências didáticas bem ajustadas às necessidades de aprendizagem de cada uma delas. Na hora de determinar o que fazer e quando, considere os critérios didáticos a seguir:

Atividades Trabalhar com foco nas necessidades dos alunos não significa a toda aula propor algo diferente para cada um. É claro que no reforço não adianta repetir o que já foi realizado pela turma, mas propondo diferentes atividades você contempla mais alunos. Para os que já compreenderam a matéria, apresente tarefas com complexidade um pouco maior. À medida que aqueles que estão com dificuldades caminham, é possível propor a eles o que os avançados fizeram nas aulas anteriores. Construa um banco de atividades, se possível, com colegas da escola. Guarde os arquivos de propostas que surtiram bom efeito em aula para sempre adaptá-las e melhorá-las.

Recursos Invista em diversos materiais (vídeos, músicas, revistas, jornais, sites, jogos, mapas, atlas etc.) e estratégias (aulas expositivas, visitas a locais históricos etc.) como ferramentas de ensino. Mesmo em tarefas coletivas, é possível escolher recursos diferentes para cada grupo, sempre pensando no que melhor se encaixa em seu objetivo e nas necessidades de cada um.

Tempo Quem acompanha a turma de perto identifica os que precisam de um período maior para entender um conteúdo e já considera isso no planejamento. Às vezes, a criança tem de ficar mais tempo num mesmo ponto e contar com uma atenção redobrada, enquanto o restante realiza mais de uma atividade. O segredo é destacar essa flexibilização de tempo no planejamento e garantir que nas aulas coletivas ela siga avançando.
7- Como retomar conteúdos não aprendidos sem deixar de cumprir o programa?
Distribuindo algumas aulas de reforço ao longo da semana de forma que você possa propor desafios para os que não têm dificuldades e também atividades para a turma completa. Reserve cerca de uma hora por dia ou um período de sua carga horária para dar atenção aos agrupamentos. Determinar os objetivos e as metas para cada um deles é fundamental para não desperdiçar tempo. No restante do seu horário, siga com todos os alunos o programa normal.
8-Como ajudar cada um de acordo com suas necessidades de aprendizagem?
Uma alternativa é reorganizar a sala, colocando os mais adiantados no fundo, os que estão com dúvidas pontuais no centro e os que apresentam mais problemas próximo a você. Assim, é possível passar entre as carteiras, observar todos atentamente e intervir com afinco no trabalho dos que mais precisam. Verifique como eles fizeram a atividade, peça explicações sobre a resolução, proponha a discussão entre pares, mostre o que precisam rever etc. "Dessa forma, assim que as dúvidas aparecem, elas são sanadas. Uma pequena intervenção, em certos momentos, é essencial para a compreensão do conteúdo", recomenda Maria Celina.
9-Mandar tarefa de casa como reforço é uma boa estratégia?
Como atividade única e isolada, não. Mas, como complemento do trabalho realizado em classe, sim, funciona e muito bem. Nesse caso, a ideia é sistematizar um conhecimento adquirido. "É preciso selecionar desafios que o aluno tenha autonomia para enfrentar. Ele tem de ter visto o conteúdo em sala, tirado todas as dúvidas e feito exercícios similares com o apoio do professor. A tarefa será apenas para sistematizar ou refletir sobre o que aprendeu", explica Rosa Maria. De nada adianta preparar atividades para fazer em casa sem orientação. Dificilmente, ele sozinho conseguirá avançar.
10-Qual o papel do titular da turma quando o reforço é no contraturno?
Em escolas que oferecem horários especiais para a recuperação, o papel de quem está diariamente com a turma é fornecer as informações possíveis ao colega que ficará responsável pelas aulas extras, providenciar as atividades que serão propostas e acompanhar o avanço da garotada. Afinal, é ele quem conhece as crianças e sabe quais conteúdos elas precisam rever, as estratégias de ensino já usadas e que se mostraram insuficientes. "Esse tipo de organização não muda em nada a função do regente de sala", ressalta Maria Celina. Há apenas uma exceção a essa regra: crianças não alfabéticas que já estão em séries avançadas do Ensino Fundamental demandam uma ajuda mais efetiva por parte do educador de reforço. Além de essa não ser a área do especialista, a tarefa exige mais tempo e dedicação do que ele tem disponível. Quando essa situação se apresenta, cabe aos gestores da escola ou da rede encaminhar o caso.

11-Como saber se a recuperação funcionou e todos aprenderam?
Com novas avaliações e análises dos resultados (leia mais no quadro abaixo). "É preciso acompanhar o avanço de cada um de perto e registrar todos os passos", recomenda Luckesi. Analise se os estudantes superaram obstáculos e sanaram as dúvidas, se participam das discussões com bons argumentos e se têm segurança e destreza para realizar os exercícios. Para se certificar das aprendizagens, você pode apresentar questões semelhantes às das avaliações anteriores e pedir que eles resolvam individualmente. Retome o diagnóstico inicial e as anotações feitas antes da recuperação e compare o desempenho de todos. Aqueles que superaram as dificuldades devem ser transferidos para o grupo dos que precisam de novos desafios. Com aqueles que ainda não superaram todos os problemas detectados, o trabalho continua, assim como a avaliação da aprendizagem de novos conteúdos trabalhados, que é contínua.
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CONTATOS
Cipriano Luckesi
Jussara Hoffmann 
Maria Celina Melchior 
Rosa Maria Antunes de Barros 

BIBLIOGRAFIA
Avaliação da Aprendizagem na Escola: Reelaborando Conceitos e Recriando a Prática
, Cipriano Luckesi, 115 págs., Ed. Malabares, tel. (71) 3356-3261, 32,70 reais
Avaliar para Promover - As Setas do Caminho, Jussara Hoffmann, 144 págs., Ed. Mediação, tel. (51) 3330-8105, 37 reais
Da Avaliação dos Saberes à Construção de Competências, Maria Celina Melchior, 180 págs., Ed. Premier, tel. (51) 3061-2452, 23 reais
O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma Weisz e Ana Sanches, 133 págs. Ed. Ática, tel. (11) 3990-1775, 36,90 reais
Por que Avaliar? Como Avaliar? - Critérios e Instrumentos, Ilza Martins Santana, 136 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2233-9000, 24,10 reais
Sucesso Escolar Através da Avaliação e da Recuperação, Maria Celina Melchior, 104 págs., Ed. Premier, 12 reais
Nova Escola, setembro de 2010