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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Missionários da leitura / Por Galeno Amorim


Ninguém é obrigado a ler. 
Nem a escrever, cantar ou dançar.
Ou a saber o significado das coisas. 
Porque ler é um ato de liberdade.
Espontâneo, introspectivo, libertário.
Ninguém nasce sabendo ler
Nem sabendo escrever, cantar e dançar. 
Ou apreciar cinema, teatro ou uma obra de arte.
É que ler (como tantas coisas na vida!)
não é um ato natural...
Natural é respirar, comer, andar. 
Se proteger do frio e do calor. 
Natural é sentir medo. É reagir.
Natural é desejar, o tempo todo, ser feliz
Ler é atitude. 
Que exige aprendizado, habilidade, investimento pessoal. 
Pede que se pratique. Até que vira gosto.
Ler é coisa do espírito.
Está sempre a exigir esforço, boa vontade, dedicação. 
Até que vira essência da alma.
Compete a todos prover e dar acesso aos livros.
E ser agente para a missão de espalhar a boa-nova.
Mas que isto seja com jeito, com delicadeza.
Com amor. Pois não há outra maneira de 
cultivar e cativar o bicho leitor.
Esse bicho que cresce com a sustança das boas histórias.
Com a sonoridade e o afeto que as palavras encerram.
E a instigação da sua capacidade de sonhar e inventar.
Trate-o com carinho. Como a um filho, que nasce, 
cresce e conquista a autonomia para voar. 
Que possa gostar de livros 
como a criança gosta da flor. 
E jamais se cure dessa vontade incurável de se
embebedar de palavras.
Porque vê sentido nelas. E delas precisa pra viver.
(como necessita do próprio ar que respira). 
Porque quando bebe dessa fonte,
decifra os sinais e descortina horizontes, 
sente, verdadeiramente, prazer.
Porque, enfim, agora é um leitor de mundo
esse sujeito capaz de apreender e de criar. 
De compreender e interpretar as coisas ao seu redor. 
De ser mais tolerante, de enxergar o outro. 
De se apropriar do conhecimento universal. 
E construir o seu... De alargar a inteligência, superar o improvável. 
Mas, sobretudo, de descobrir uma capacidade infinita de amar 
 para, então, transformar o mundo!
Porque, para quem lê, tudo é possível.

Galeno Amorim, 45 anos, é jornalista e autor de dez livros; é co-autor: Políticas Públicas do Livro e Leitura (OEI-Editora Unesp, 2006) e Os Desbravadores (Palavra Mágica, 2001), dos quais foi organizador; e Práticas de Cidadania (Editora Contexto, 2004).

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