Total de visualizações de página

domingo, 2 de outubro de 2011

Ipê... branco, amarelo, rosa, roxo ... flores que embelezam!












Quando Flora o Ipê

Como é bonito ver o ipê que flora,
Pelo cerrado no mês de agosto.
Com tanta seca, tanto cinza exposto
E tanta aridez pelo campo afora,
O Amarelo-Roxo, abre, revigora
Feito um doce alento a bater no rosto
Como se Deus ali tivesse posto
Um sopro de vida, num mundo que chora.
Olhando o cerrado, penso agora em mim!
Ando distorcido, ando tão descrente
Como há muito tempo, não me via assim.
Mas minha cabeça, esperançosa vê,
Que no meio de tudo in-sis-ten-te-men-te
…Flora lá bem longe…um pequenino ipê…

Jenário de Fátima



IPÊ AMARELO

De tronco gigante e copa frondosa,
Galhos possantes e folhas sedosas,
Flores amarelas de perfume estonteante,
Sombra copiosa bem farta e gostosa,
Nativo dos campos, canhadas e serras,
Presente de Deus à mãe natureza,
Revestia o solo com rara nobreza,
Esbanjando beleza lá na minha terra.

Foi casa, foi ninho das aves campeiras,
Hospedou João de Barro e o Sabiá Laranjeira,
Bem-te-vi, Tico Tico e a Coruja Agoureira,
Pica-Pau, Canarinho, Quero-Quero e Coleira,
Coberto de flores na primavera,

Repleto de abelhas e de colibris,
De tardezinha e no romper da aurora,
Se ouvia a sonora orquestra empenada
Da passarada em grande harmonia,
Gorgeando em coro lindas sinfonias.


Sempre solidários, seus galhos fraternos,
Fosse no inverno, outono ou verão,
Acolhiam em sua copa frondosa e materna
As aves nativas lá do meu rincão.
Cresceu solitário no velho potreiro,
Se tornou centenário bonito e faceiro,

Tinha marcas nos galhos de laço e de faca,
Das carneadas de vacas e estaqueadas de couro.
Serviu de pousada pra muitos tropeiros,
Viu muito bagual vender o baixeiro,
E touro valente babar enforcado,
Esticado na corda amarrado em seu seio,

Sestearam em sua sombra grandes cavaleiros.
Heróis, boiadeiros e peões domadores,
Tropas de burros, homens carroceiros,
Carros de bois e velhos carreiros,
Lá na beira da cerca atrás do bolicho

Ouviu rebuliço de gaita e pandeiro.
Em trinta e dois, na revolução,
Pelearam em sua volta de armas nas mãos
Os rebeldes golpistas contra os legalistas,
Gaúchos e Paulistas da nossa nação,
Resistiu tiroteios e bombardeios de avião,

Tiros de canhão, carabina e fuzil,
Viu muito soldado tombado no chão
Morrendo baleado em nome do Brasil.
Como tudo na vida um dia se acaba,
Ipê Amarelo também se acabou,

A golpes de machado e dentes de serra
Tombou sobre a terra rangindo de dor,
Guardando em seu tronco no cerne encravado,
Lembranças do passado da vida que levou,
Ipê legendário cumpriu seu fadario,
Traçado por Deus, nosso pai redentor.
Saiu do potreiro e entrou para a história,
No livro da memória de um índio trovador!

Antonio Francisco de Paula

Nenhum comentário:

Postar um comentário