S. Paulo 21 de Agosto
Querida amiga:
Estás a partir talvez a esta hora.. E eu te escrevo. Escrevo-te com a alma saudosa, desejosa de tua companhia. E ainda te escrevo porque é a única maneira de me perdoar a mim mesmo da pena que me fiz. Não imaginas a dor que senti quando, ao chegar à estação, vi que o trem já tinha partido. Uma surda raiva contra as circunstâncias me estonteou. Mandei-te aquele telegrama tristonho e fui distrair-me, a vagar por aí, sem nexo, sem direção. Os amigos virão aqui à noite. É terça-feira. Mas perdura a amarga decepção de não ter podido te abraçar mais uma vez. Perdoa. Mas, Anita, acredita: como é meu costume chego sempre tarde à estação. Bem: adeus. Rasga esta carta louca. Sê feliz. Um longo, longo, longo abraço.
Mário.
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