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domingo, 19 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO E ESCOLA

  “O Brasil está clamando pela presença de Educadores para implantar a Escola Humana.” Ivone Boechat de Oliveira

 
As pessoas possuem, de forma geral, potencial para desempenharem algo bem. Dessa forma, se a escola tem um papel, esse papel é fazer dessa descoberta sua principal mola propulsora. É preciso, pois, considerar que a escola, como uma instituição, está inserida na sociedade e dela extrai seus recursos.
Diante disso, a escola básica está a serviço de todos e nenhum avanço será efetivo se ela não oferecer uma oportunidade de reforçar a democratização do acesso aos saberes, à aprendizagem e à educação para a cidadania.
Assim sendo, considera-se que entre todos os objetivos da educação, o primordial consiste no desenvolvimento da própria sociedade. Retomando as sábias palavras de Perrenoud: “Se a intenção é que a escola retome seu papel de cimento da sociedade, façamos disso uma prioridade e asseguremos a ela as injunções e os meios necessários.” (PERRENOUD, 2005, p.5) grifo nosso
É notável que a escola desempenha um papel relevante na construção da sociedade e na preparação do futuro dos seres que a compõem. Assim, educação e vida se confundem, já que a educação pauta-se na orientação do ser humano para o choque do encontro consigo mesmo, ou seja, na formação do próprio ser enquanto cidadão crítico.
Esse processo educador de  transmissão de informação, conhecimento e cultura é adquirido de maneira formal e informal, no decorrer da vida. A educação informal, assistemática e difusa, conforme relata Carlos Rodrigues Brandão, em sua obra O que é educação, acontece pela obervação do comportamento das pessoas mais experientes e pela convivência com elas. Sendo que, em algumas comunidades, essa passa a ser a úncia forma de educação; nelas, as crianças aprendem participando da vida familiar e comunitária.
Vale ressaltar, nesse momento, a nobre profecia de Rubem Alves “[...] a educação é um permanente movimento, é um caminho e um percurso[...] (ALVES, 2001, p. 9). Conforme o poeta, esse é o primeiro momento mágico da educação, o momento em que nos apercebemos o imenso mundo fora de nós e é preciso começar a desenvolver o olhar para fora, como uma necessidade de interrogar e compreender o que vemos fora de nós. Essas reflexões nos leva a pressupor que, à medida em que olhamos, observamos e comprendemos, estamos inseridos no processo de educação informal.  E, parafraseando Brandão, é o Aprender vivendo, é a cultura popular dotada de manisfestações culturais inserida em todas as comunidades e povos.
 Conforme Platão, a educação “[...] consiste em dar ao corpo e à alma toda a beleza de que são capazes”. (PLATÃO, apud, OLIVEIRA, 2000, p. 58). Para o filósofo, o principal papel da educação seria despertar, nas pessoas as idéias que elas mesmo já possuíam antes de nascer.
Já a educação formal, sistemática está centrada em legados culturais e  pautada em conhecimentos científicos, teses, técnicas e experiências concretas. Nela estão os elementos essenciais para serem transmitidos, de forma seletiva e por pessoas especializadas.
No âmbito da educação formal, as propostas são ancoradas em planejamentos, que inovam-se continuamente a cada nova descoberta. As constantes reforma do ensino confirmam que a cultura está vinculada à ciência e a competitividade leva cada vez mais à busca por novos conhecimentos, à procura da qualificação exigida pelo mercado de trabalho e no prosseguimento dos estudos.
Nesse sentido, a escola oferece recursos para atingir esses objetivos, professores cada vez mais preocupados com sua qualificação, os currículos elaborados e planejados de forma adequada à realidade das unidades escolares a que são inseridas, metodologias que se inovam, enfim, a escola se solidifica como uma instituição organizada tendo como objetivo transmitir seletivamente às crianças a herança cultural da sociedade.
Ao mesmo tempo, que a escola prepara os jovens para a complexidade do mundo ao seu redor, garantindo os saberes necessários para esse enfrentamento, ela propicia a formação contínua dos seus docentes para o objetivo único de formar seres críticos e, dessa forma, as duas figuras, professor e aluno se complementam nesse processo.
A visão da escola como uma instituição uniu-se à visão dessa como grupo social. A escola como instrumento de controle social, com objetivos comuns à sociedade transmite cultura aos seus membros componentes. Do mesmo modo, como instituição centrada em normas e procedimentos padronizados, proporciona a socialização do indivíduo, bem como os aspectos de sua cultura. Apesar da distinção entre as duas visões, existe em ambas, uma preocupação significativa com a autonomia do indivíduo e sua capacidade para atuar frente a situações de desigualdades e injustiças sociais.
Dese modo, as duas acepções acabam em um processo unilateral, pelo qual as pessoas apreendem o controle social que lhe é imposto, porém dotadas de uma maior compreensão e autonomia. O educador Paulo Freire posiciona-se de forma  original em suas reflexões, segundo o autor, “[...] a educação é uma prática de liberdade”. (OLIVEIRA, apud Freire, 2000, p.60). Dessa forma, a liberdade se adquire a partir da transformação da sociedade em indivíduos e seres pensantes, quando maior o nível de letramento, menor será o de manipulação dos mesmos e a escola está inserida nesse processo. Ainda, para o educador brasileiro, “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco a sociedade muda”.
Quanto à sua estrutura,  dois grupos  a compõem: os educadores e os educandos. O grupo dos educadores, composto por diretores, professores, orientadores e auxiliares se ocupa em transmitir valores sociais, impor normas, liderança sobre os alunos estabelecendo uma interdependência entre si, de forma a um não existir sem o outro. Alguns métodos são adotados como forma de educação, entre eles, o construtivismo, considerado o pensamento mais adequado sobre a obtenção de conhecimento. Os educandos, representados pelos alunos, Além dos grupos acima descritos, existem na escola grupos como, grupos associativos, formados entre os alunos no cotidiano; grupos de ensino (classe) e os grupos de idade e sexo.
Os grupos associativos subdividem-se em: intelectuais, os grupos de pesquisa em que se discute os assuntos tratados em aula, entre outros; os recreatiovos, para brincadeiras, jogos gincanas e os grupos cooperativos, aqueles que se reunem para conversar sobre assuntos variados, plenejar aventuras etc.
O grupo de ensino é a classe, a sala de aula,em que os alunos são submetidos à horários fixos, regras e programas determinados, ainda com a obrigatoriedade de frequência e aproveitamento. O processo de formação das classes é designado pela administração e não por livre escolha. Alguns conflitos apresentados entre educador e educando resultam em situações extremas como, a expulsão do aluno e substituição do professor.
Entre os mecanismos de sustentação dos agrupamentos na escola estão: a liderança, as normas e as sanções. Em relação à liderança, o professor exerce essa posição  sobre os alunos. Quando a liderança é de forma negativa poderá ocorrer conflitos e rupturas no grupo.   
Quanto às normas, algumas orientam o comportamento e a postura de professores e alunos. Espera-se, com isso, que cada um cumpra suas obrigações em relação à horários, propostas, entre outras. “As normas pedagógicas referem-se ao desempenho escolar : avaliação dos conhecimentos adquiridos, supervisão da participaçõa e da posura em sala de aula, dos cuidados com o material escolar etc”.(BRANDÃO, p 12)
As sanções podem ser de dois tipos: administrativas e grupais. A primeira, baseia-se na legislação e regulamentos internos da instituição escolar. Entre alguns procedimentos está a suspensão, reprovação por falta e dispensa por faltas graves. Já na segunda sanção, as medidas cabíveis são aplicadas tanto aos alunos quanto aos professores, em punição às faltas cometidas.
Em síntese, há uma infinidade de conceitos sobre educação e escola que oferecem subsídios para discussões, debates e estudo. Contudo, os conceitos surgem e se reformulam dentro do próprio processo educativo. Dessa forma, educar é processo que se renova constantemente e sempre rumos às transformações da humanidade. As idéias perpassam as gerações e retomando às parábolas bíblicas, Jesus criou a parábola para adaptar sua linguagem à cultura das nações.

  

“Sou o intervalo entre o que desejo ser  e os outros me fizeram,
 ou metade desse intervalo, porque também há vida...”
Álvaro de Campos


Referências Bibliográficas
ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas: Papirus, 2001.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. p. 21.
OLIVEIRA, Ivone Boechat de. Por uma Escola Humana. Rio de Janeiro: RJ. 2000.
PERRENOUD, Philippe. Escola e cidadania: o papel da escola na formação para a democracia. Porto Alegre: Artmed, 2005.



Selma Cristina Freitas Pupim

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